terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

EGOTRIP -


  • INÉDITOS







POEMA PARA IRENE








Meu mar


Meu céu


Minha montanha...


Dádiva dos deuses


A mim concedida


Para amar-te


e


Ser a sombra


Q te acompanha




...................................................





Acordei
Deixei a emoção de lado
Pus de escanteio
O afeto q nunca se encerra
Tive q ser algoz de mim mesmo
Acordei
E agora trago comigo
Um sono q não sonho mais.

No entanto, não mais q no entanto
Estou enlouquecendo devagar
Ensaiando outro sono.

...........................................................

Meu amor é vingança

É dança que envolve

Révolver que não atira

Mentira que brilha

É brilho sem luz.

A vingança é meu amor

Avança como onda

última do mar

Meu amor é vingança

Um amor sem amar.



SOMBRAS OBLIQUAS


Ao redor do fogo


pulei em minha sombras


A lua sorriu...













Poemas do livro Plenilúnio, 1982,de Valdir Alvarenga Edições Picaré





Achei um verso na rua


e chorei


pelo passado


que não tive.


*****


AUSÊNCIA


Teu rosto que não vejo


é a morte de meu desejo


Tua face que não miro


é o abismo em que me atiro


Tua voz que não escuto


é em meu coração um luto


Tua presença que se desvanece


é uma inútil prece.


*****


Pirata


das noites sem lua


invado sonhos


roubo fantasias


preparo armadilhas


conquisto madrugadas


para amanhecer


na areia quente


sem navio, sem armas


sem mar


Trazendo somente


um olhar


sangrando solidão.


*****


DO TERCEIRO ANDAR


( na rua Visconde de Faria )


... espio a rua


e ninguém passa...


(é só neblina, é só fumaça)


Colho


o brilho frio da lua


e me recolho.


Dentro de mim


fecho a vidraça.


*****


DOIS RIOS


Trasmutar a tua ausência


em poesia,


ou preparar uma mortalha


num aceno de despedida


agora definitiva.


Beber tua imagem


desfazê-la feita miragem


molhando o coração


ávido de amor,


Ou então :


decepar a mão cansada


de colher palavras infrutíferas,


inúteis como nossas vidas


... dois rios que se separam...


****
Andei cantando
ao vento
e minha lingua
virou pó.
Por isso
me tranquei em casa
e passeio pelo quarto
como num parque

*****

IMAGEM ALGUMA

Perdido
na mais ausente distância
Espelho
que não reflete imagem alguma
Alga marinha
no meio do oceano
Oculto
embora pressentido
Vento sem canto, mudo,
Eu
estrela pálida e fria
colho o vazio do nada que plantei.
Destino ou sina?
Nunca saberei...
Cansado estou
da viagem
que não viajei.

*******

MODO

Teu sorriso está guardado
no rosto em que miro
espelho quebrado
onde me corto,
me firo
e deliro
bebendo com agonia
e prazer
o sangue que escorre.
Assim,
morre
tua
face
petrificada
a cada dia.

******

LEGADO

Deus me deu
o dom da poesia
a luz da lucidez
Deus me deu
o entendimento do coração
o silêncio da solidão
e a sabedoria de se perder e achar.
Deus me deu a chave.
Eu que encontre a porta.

*****


Poemas do livro O PEQUENO MARGINAL, 1985, produção gráfica de Cesar Bargo Perez






Um dia gritarei tanto


que acabarei me reconhecendo


em todos os objetos.


******


a chuva retarda Marisa


mas a brisa


que é marítima


e do ar


bate perto


voa longe


qual borboleta amarelinha


de tanto sonhar.


a chuva retarda Marisa.


mas ,


mesmo que ela não venha


com seus olhos de espiar


como é bom Marisa esperar....


*****


Abre a janela


da tua vida


e veja :


lá fora


um pássaro cor de rosa


segura no bico


um pedaço azulado


da minha saudade


*****


SEM MISTÉRIO



lá onde os vivos não falam


e o medo anda só


todas as sombras se igualam


a vida se desfaz em pó.


ossos ajuntados


sem memória , sem testemunho


gargantas ganham um nó


que custará a desatar.


lá onde a vida se fecha


sem mais nenhuma cerimônia


sem mistério


sem dó.


****


CIRANDA


brinco tecendo um verso


no uni-verso estrela é


brinco palavra jogo


fogo ciranda canção


nome maria nome joão


brinco trabalho palavra


lavra mente muita fé


brinco trinco adormeço


em sonho vivo até


verso floresce coração


brinco de esconde-esconde


com a solidão


brinco.


a vida o que é ?







Os poemas abaixo são do livro Autógrafo, de Valdir Alvarenga, edição independente, ano 2000

VÍCIO EM TEU OLHAR
VÍ CIO EM TEU OLHAR
VICIO EM TEU OLHAR

*****

AFETO

Num instante
extasiamente belo
(lua nova no espaço)
Viestes
e me afetastes
com
o fino traço
do afeto.

*****

O sub-verso vivo
eterno agora
não tem tempo
a não ser sendo
subverter a vida
Vamos parar com isso!!!???
Será o Vício Sagrado?

*****

AS PESSOAS NÃO SE TOCAM
PORQUE NÃO SE TOCAM

*****
MÁGOA DE UM AMOR RASO

A palavra lágrima
já não rola
na saliva da alma...
Até a calma, dança
ao ritmo da faca.
Adeus, sua vaca!

*****

Nossa mente oclusa...
... e a temperatura
da tua blusa
queimava minhas mãos...

******

VAIDADE

VAI IDADE


*****

Confinados
que estão
em águas claras de cloro,
será que os peixes
acreditam
em "era de aquarius" ... ?

******

YOGUE URBANO

não sei se medito
ou me deito...

*****

PRA PIRÁ

Andirá
Pirabebe
Piracambucu
Piracema
Piracuara
Piracuca
Piranha
Piraí

*****

QUEBRANTO

Olho seca-telha, seca-pimenteira,
olho gordo, olho grande, olho grosso,
olho mata-pinto,
olho ruim, mau olhado,
traz feitiço , faz fascínio
" Benza-os Deus, olhos não são maus "
Colhida a fruta, a árvore apodrece
guiné dá alarme, aguça o cheiro,
Contra ti
haja oração , patuá, amuleto,
talismã, escapulário, carântula,
meia -lua
figa...
Isola ! Pé de pato, mangalô três vezes
" Não te receio !
tenho jesus cristinho
no coração "

*****